Tirar uma dúvida! - 04/06/20
Hoje iniciei uma profunda reflexão sobre as mais variadas dúvidas que o ser humano possui. Exemplificando de forma aleatória: Determinado dia você acorda com uma mancha vermelha na mão, assintomática, espera alguns dias e ela permanece ali.
Você, com seus conhecimentos, seja lá qual a sua formação, não consegue identificar e resolver aquele problema, então, de forma automática, você agenda uma consulta com um dermatologista. No dia e hora marcada, você comparece em sua consulta, mostra a mancha para o profissional, explica quando surgiu, quanto tempo está assim, etc, etc. Ele lhe ouve, analisa seu problema e lhe dá um diagnóstico, indicando inclusive uma medicação ou necessidade de exame complementar ou, ainda, pode lhe dizer que não é nada e com o tempo vai desaparecer.
Aprofundando no exemplo, você acordou com dor no dente, é algo que realmente está lhe incomodando, você entende ser uma urgência, liga para seu dentista, explica a emergência no atendimento, consegue um encaixe e é atendido.
Nestes dois exemplos, ao sair da consulta, você paga com satisfação pelo serviço prestado, até mesmo se o profissional apenas olhou e disse: Isso não é nada, vai desaparecer com o tempo. Ocorre que, a cultura do ser humano com o advogado é bem diferente e isso vem cada dia mais se tornando frequente na vida dos operadores do direito: Tirar uma dúvida!
Pela lógica dos exemplos supracitados, fica evidente que o profissional estuda ao ponto de conseguir adquirir conhecimento suficiente para tirar sua dúvida, que você, sozinho, não pode ou não consegue.
Ao agendar um horário com um advogado para tirar sua dúvida, este profissional deixou de fazer outros compromissos ou até mesmo se privou de estar em casa, fazendo suas coisas pessoais, para abrir o escritório e estar disponível para você, literalmente para ouvir seu problema, sua história. Por vezes, o cliente consegue ser objetivo, mas na grande maioria delas, ele chega ao escritório buscando alguém que lhe ouça, que lhe dê atenção, que lute pela sua causa e resolva o seu problema, ou, ainda, que lhe diga que aquela situação não é exatamente um problema e que sim, tudo ficará bem.
Diferentemente da consulta com outros profissionais, o cliente que procura um advogado, ele não traz para sua consulta objetividade, ele quer contar as minúcias, se é um divórcio litigioso, ele quer contar cada detalhe desde o dia em que conheceu seu cônjuge, se é uma partilha de bens difícil, problemas com herança, ele quer demonstrar que sempre foi o prejudicado, desde a infância, ou que do mesmo modo sempre fez por merecer ser beneficiado, etc, etc. E isso está correto, acredito que faz parte do serviço do advogado dar atenção aos seu cliente, ter empatia pelo sofrimento do mesmo.
Esta consulta, para tirar uma dúvida, as vezes dura horas, isso, HORAS, onde o cliente é acolhido (falo por mim, o modo de prestação do meu serviço), ouvido, compreendido, de fato recebendo toda a atenção que espera e precisa e isso custa tempo, dedicação e empatia que vão muito além do simples saber jurídico, contudo, ao final, demandam do advogado uma resposta jurídica.
Sendo assim, ao dar a resposta jurídica que o cliente precisa, o advogado coloca em prática tudo aquilo que passou e passa anos estudando, ele sugere soluções jurídicas ao seu cliente, indicando ações necessárias ou até mesmo passando a importante tranquilidade de que não precisa fazer nada e isso é uma consulta profissional.
Ocorre que, o cliente por vezes se ofende ao saber que a consulta, para tirar uma dúvida, deve ser paga, pois afinal, ele só queria tirar uma dúvida, receber um conselho e aqui surge o problema, trate o profissional que lhe assiste como profissional e não como melhor amigo, embora haja empatia pelo seu sofrimento, assim como médicos, dentistas e tantos outros profissionais, tirar sua dúvida é nosso trabalho e não um momento de confraternização entre amigos onde cada um dá sua opinião sobre determinado assunto.
Entenda, quando o cliente busca uma consulta, para tirar uma dúvida, com um advogado, ele não espera receber uma opinião pessoal, ele quer a opinião técnica, ele necessita do saber jurídico, do aconselhamento legal, embasado pela profissão do advogado e não uma conversa despretensiosa, apenas para dialogar sobre as amenidades da vida ou problemas pessoais.
Esta é minha singela opinião, onde juntamente com a OAB/RS, aderimos a campanha nacional de valorização da advocacia, com a cobrança de honorários justos!
Débora Guelso Probst Arias